Memórias

A vida é como um livro sendo escrito, cujo final ainda pode nem ter sido planejado e cujas páginas, ainda em branco, escondem muitas realizações. Já foram desenroladas várias tramas, que trouxeram o personagem principal até o presente momento, em uma situação, talvez uma encruzilhada, que lhe cabe uma decisão importante; ou várias.

Neste momento podemos nos lembrar dos filmes, nos momentos cruciais em que a vida retorna em poucos instantes, passando como um filme na cabeça do personagem. As coisas boas, as coisas ruins, as mágoas, as alegrias, todas lá, registradas para um momento de lembrança oportuna. Mas este momento, quando seria? Se voltarmos ao livro e arrancarmos uma página, um parágrafo que seja, a história pode perder um ponto importante; assim somos nós!

Nossas memórias são o registro do que somos, de como chegamos onde estamos. Cada pedaço de situação vivida carrega consigo uma importante lição, um importante sentimento, uma pessoa que nos ensinou muito ou cuja vida dependeu de nós, mesmo que não tenhamos percebido. Fazemos o bem e o mal naturalmente, talvez nos dando conta disto muito tempo depois. E o que seria dessa compreensão se nos livrássemos de parte das memórias?

Nossas lembranças são como um grande banco de dados que deve ser utilizado de forma sábia. Se perdemos tempo demais acessando estas informações, corremos o risco de gastar o tempo que seria utilizado para incrementá-lo. Se as esquecemos completamente, com certeza novos erros iguais serão cometidos. O que fizemos deve ser utilizado como deveriam ser os livros de História, mas infelizmente não o são: analisar o passado, verificar o que de bom foi feito, evitar erros iguais e melhorar.

Somos hoje o que fizemos até agora! Seremos amanhã dependendo do que fizermos com o conhecimento, experiência e habilidade que conquistamos. Nossa jornada, nossa caminhada, é cheia de encruzilhadas e os caminhos são escolhidos. Não temos a capacidade de escolher somente na maioria das vezes; escolhemos em 100% das situações. Cabe-lhe o fruto de suas escolhas, boas e ruins, e as memórias podem lhe servir de lembrança, de aviso de algo que já foi, mas pode voltar a ser; tanto as coisas boas como as ruins.

Somos hoje parte do que seremos um dia. Fomos antes, parte do que somos hoje. Tirar de nós mesmos a possibilidade de sermos hoje uma parte completa de pedaços aglutinados até agora, é a certeza de sermos incompletos. Sejamos, pois, tudo o que conseguimos crescer até agora, usufruindo da maturidade relativa que nos cabe, subindo degraus rumo ao quão perfeitos seremos um dia. E as memórias, doces lembranças de nossa ignorância passada, que sejam utilizadas como ferramentas úteis para a nossa jornada rumo ao desfecho da nossa obra.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Faça valer a pena

União desunida

Nos dias em que nada acontece