Robôs

 Usando uma definição minha, e cada um que complemente como assim o desejar, um robô é uma máquina, inicialmente sem vontade própria, que executa determinadas atividades pré-estabelecidas, de forma repetitiva, mecanizada, buscando algum resultado previsível. Mais recentemente, com os avanços tecnológicos, alguns até têm um pouco de inteligência, talvez até vontade, mas o objetivo é o mesmo, ser uma peça que executa algo para o sistema em volta.

Vou propor um exercício: volte ao parágrafo anterior, e leia novamente, esquecendo-se de que mencionei se tratar da minha definição de robô. Vou trazer à memória uma cena de um filme de Charles Chaplin, representativo da revolução industrial, em que ele fica apertando parafusos o dia inteiro, até um ponto que praticamente não tem controle sobre a atividade.

Talvez você entenda onde estou começando a querer chegar. Como é a sua rotina? Provavelmente você acorde, tome café da manhã, se arrume, inicia seu dia de trabalho, faz hoje o que fez ontem, e anteontem, e nos outros dias também, buscando executar as coisas de forma repetitiva, ao alcance do resultado que se espera. Depois vai voltar para casa, fazer outras atividades repetidas e dormir, esperando o dia seguinte, para fazer tudo de novo, após recarregar as baterias.

Pois é, você já deve ter entendido que essa sua rotina não se difere muito da rotina de um robô, de uma máquina. E o mais triste é olhar para trás, 10, 20, 40 anos depois, e ver que o tempo apenas passou; e não vai voltar.

Sem nos darmos conta, vamos nos tornando robôs, sem vontade própria, sem nada de novo na nossa rotina mecanizada, exercendo o nosso papel de engrenagem no sistema. Reclamamos das mesmas coisas, fazendo as mesmas coisas, no pensamento comum do que deve ser feito, na etapa da vida comum em que nos encontramos.

E agora, que eu tirei um pouco da venda dos seus olhos, talvez você esteja se perguntando se dá para mudar, se ainda tem solução, ou se o jeito é sentar e esperar a tia da foice! Bom, sempre temos escolha, mas, ao contrário do marketing de vendas, vou lhe ser sincero e dizer que exige esforço, trabalho, e dedicação àquele que realmente importa: você.

Quando foi a última vez que leu um novo livro? Quando foi a última vez que, quando foi ao trabalho, ao invés de fazer o mesmo trajeto, resolveu seguir por outro caminho? Quando foi que fez turismo no seu próprio bairro? Sabia que eu descobri um museu no bairro onde morava, quando decidi fazer isso? Tem muita coisa que a gente não descobre, porque não nos permitimos.

Mudar exige mudança, e não precisa ser em coisas absurdas ou grandiosas. Deixar o celular de lado e conversar com as pessoas ao seu redor, hoje em dia, é uma mudança pequena, mas grandiosa. Procure exercitar o cérebro, fazendo pequenas mudanças no dia a dia, se permitindo experimentar coisas novas, que seja tomar água natural, se você só toma gelada. Dê novas percepções ao seu cérebro!

Pode parecer besteira, mas não é. A gente vai congelando o cérebro com o passar dos dias e anos, por fazer sempre a mesma coisa, e o único caminho para mudar, é mudando. Sem nos darmos conta, nos tornamos robôs, inclusive sem vontade e, na época dos telefones inteligentes, a cada dia com menos inteligência.

Fica o convite então. Eu retomei essa caminhada há uns anos, e hoje posso dizer que consegui alcançar um dos meus objetivos, que era descongelar o meu cérebro. É incrível como o mundo fica diferente e belo, quando isso acontece!

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