Julgamento

 Em diversos momentos na minha vida eu me congelei, por receio do julgamento de outras pessoas. Perceba o que eu disse: eu me congelei. Eu demorei muito tempo para entender isso, entender que quem resolve andar ou ficar parado, voltar ou seguir sou eu. Por mais que alguém me dê uma boa orientação, ou uma orientação equivocada, quem vai dar o passo sou eu. Isso muda tudo.

Vez ou outra eu me lembro daquela história do pianista, que, no final do show, recebeu a visita de uma fã, que disse que daria a vida inteira para tocar como ele. A resposta dele, de forma muito natural foi: "pois é, eu dei". O que nos separa das nossas realizações, sejam boas ou ruins, é a nossa capacidade de agir ou não.

E o que o julgamento tem a ver com isso? Se somos nós os responsáveis pelo ato, porque o que alguém pensa vai influenciar ou não sobre isso? Pois é. A verdade é que influencia muito mais do que muitas vezes nos damos conta.

Não vivemos em uma bolha. Somos animais sociais e, assim sendo, vivemos em conjunto, em um conjunto de regras pré estabelecidas e, pior do que isso, em uma culta pré formatada sobre o que é certo ou errado. Nessa linha, se eu pensar fora da caixa, inevitavelmente vou ser julgado e, sendo julgado, posso ser condenado. Mas eu quero fazer parte do grupo, não quero?

Naturalmente, a maioria de nós vai se importar sim, então, com o que os outros pensam e entendem, mas como esperar que eles entendam algo que só você vê? Quero deixar bem claro aqui que não estou estimulando a revolta inconsequente e sem medidas, para ser contra tudo e contra todos e sair explodindo o mundo. Muito longe disso, antes de mais nada, recomendo o exercício do autoconhecimento.

Analise comigo uma situação que talvez faça sentido. Um tal de Edison, lá atrás, vivia em uma situação em que o normal era usar vela, ficar no escuro, sei lá. Aí ele pensou em criar algo que mudasse isso. Com certeza foi julgado, taxado de louco, criticado. Mas o que o impediu de não se impedir? Poderia citar outro Edson, esse tupiniquim, que viajou o mundo com a bola nos pés, que deve ter ouvido, como um tal de Ronaldo português, que futebol não daria dinheiro.

A verdade é que pensar fora da caixa, exige que saiamos fora da caixa, em primeiro lugar. É preciso mudar a forma de pensar, adquirir novos conhecimentos para suportar os novos projetos, e, muitas vezes, se transformar em outra pessoa. Nesse caminho, você vai enfrentar o julgamento dos outros, e, sobretudo, o seu próprio, se questionando sobre os passos que pretende dar.

Faz sentido? Vale à pena dar esse passo? O seu porquê é justo? Essa análise e suas conclusões, e as atitudes advindas dessa reflexão, vão te transformar em uma pessoa melhor, mesmo que você decida que não vale à pena dar esse passo. Mas reflita e chegue à sua forma de pensar, pois, como diria uma amiga, quem vive pela cabeça dos outros, é piolho.

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