Para as minhas mães!

Em dias de reflexão, o pensamento viaja e a mente esclarece, fazendo-nos entender que nem sempre a vida é como gostaríamos, e nem sempre temos controle sobre ela, como um dia pensamos que teríamos; nunca teremos. Em dias diversos, alguns de comemoração, outros de saudade, a mente nos dá as maiores aulas, os maiores ensinamentos, e justamente nesses dias as lições parecem mais belas, sobretudo em conteúdo, mais ainda em profundidade.

Pensando no pensamento, na origem e no caminho, encontro-me a pensar, sobre com o que vim e com o que me encontro, depois de tantas escolhas, nem todas acertadas, mas todas encantadoras, pois carregaram todas em si, a beleza da mais pura aula. Os livros são belas taças de conhecimento, transportando os ensinamentos que um dia alguém leu na natureza, o livro mais puro e mais belo, mais rico do que toda uma biblioteca, pois que carrega em si tudo o que há. Mas quem sabe ler e refletir a natureza!?

Pois voltemos às mães. À primeira dei o choro, as primeiras percepções, as primeiras quedas e as primeiras birras. Conhece de mim como a ninguém, porque hoje, mudando de lado, entendo que alguns nomes não são, mas se constroem. A gente não vem com manual no berço, mas os pais e mães os têm no coração, e nos transmitem para que comecemos a caminhada, curta ou longa, mas que será sempre cheia de aprendizado. Depois dela e junto com ela vieram as mães das mães, que fui abençoado por ter três; mágica da vida que não se explica e que depois a gente entende e admira, dando-nos mais do que achamos que precisamos, mas que é apenas a conta certa da medida da obra em construção.

E aí vieram as outras mães, muitas pelo caminho, que vieram e foram, algumas ficaram. Algumas que viraram mãe ser ainda o ser, se fazendo depois; madrinhas disso ou daquilo, que talvez sem se darem conta da referência que representaram, foram sendo mães necessárias, ensinando por ensinar, pelo amor ao ofício, sem querer notas daquele aluno que a gente ensina querendo ver mestre, sem cobrar a maestria, porque o verdadeiro mestre sabe que no fundo, existe um mestre dentro de cada um de nós, gritando para ser acordado.

Veio mais tarde a mãe dos filhos, que se fez junto antes de ser mãe, e que, como a primeira, criou um elo impossível de ser desfeito, junto ao coração. Essa mãe, mãe dos outros, mas quando os outros são seus, ela passa a ser sua, sem perceber e sem aceitar, rebelde e carinhosa, fazendo parte de tudo, trouxe outra mãe, mãezona como galinha choca, que eu aprendi a gostar e respeitar, mãe dela, dos meus e de outros que fazem parte do círculo todo.

E nesse meio do caminho veio a outra mãe, com gostinho de vó, segunda Antônia na minha vida, cheia de ensinamento, de sinceridade e carinho misturados, nem sempre compreendida em sua missão de melhorar o mundo. "Não seja sincero, pois as pessoas não gostam da verdade", é uma frase que ouço com frequência de um colega/amigo, e talvez por isso eu a entenda tanto e a aceite tanto, onde outros não suportariam uma primeira vírgula. Talvez essa doçura disfarçada tenha ensinado a ver as outras mães, e aí você que lê agradeça a ela por ter chegado até aqui.

Com certeza virão outras mães, embora eu ensine aos meus que A mãe é uma só e não poderá ser substituída. Acredito e sinto isso, como tenho com a minha, e recomendo que façam o mesmo, para só assim entenderem a sua complexidade, simplicidade e beleza, porque é disso tudo e muito mais que vem o nosso primeiro amor, ainda no ventre. Mas as mães, que assumem a maternidade pelo mundo e não pelos seus, mesmo sem se darem conta disso, carregam consigo um livro oculto que só a elas é dada a chave, onde é ensinado o princípio e o objetivo da vida, as permitindo ensinar a viver.

Hoje é dia das mães (a maioria dos textos usaria essa frase no começo, mas como diria minha mãe "você não é todo mundo"). Desejo a você mãe, e a todas as minhas mães, o meu carinho, o meu entendimento e o meu desejo de que um dia todos entendamos o que é ser mãe. Sem o professor não se aprende a ler, mas sem a mãe, de onde virá o professor? Um beijo de um filho e pai, escritor nas horas vagas e pensador do dia a dia, que um dia uma mãe permitiu se fazer, e se fez toda de amor e carinho, para que ele entendesse e compartilhasse algo, nessas curtas letras.

Comentários

Patricia disse…
Parabéns pela delicada percepção do valor das mães, as que temos por nascimento, e as que ganhamos ao longo da vida.
Unknown disse…
Parabéns pelo belo texto em que retrata com sabedoria e profundidade a sublimidade do valor de todas as mães que fazem e/ou fizeram parte da nossa história.
Unknown disse…
Parabéns pelo belo texto em que retrata com sabedoria e profundidade a sublimidade do valor de todas as mães que fazem e/ou fizeram parte da nossa história.

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