Perdoa-te a ti mesmo!

Em um exercício de educação de pai para filho, dias atrás, coloquei-o em frente ao espelho e o orientei a perdoar aquele menino que estava na frente dele. Explicando, como mestre inspirado por sei lá quem, discorri sobre a natureza do perdão, que morava dentro de cada um de nós e não se limitava a fatores externos, não dependia de mais ninguém além dele.

Recordei-me, depois, que em momento diferente, eu havia feito a mesma preleção, com palavras diferentes mas com foco comum, para os outros, explicando que não precisávamos aguardar o perdão externo para seguir em frente. Não importa como os outros estão lhe vendo, se você não consegue se enxergar.

Pode parecer um pouco confuso, então vamos tentar clarificar um pouco com a alegoria do espelho. A imagem que você está vendo na sua frente é vista por você mesmo, independendo de como os outros estão lhe enxergando. Já imaginou que as culpas, os insucessos e mesmo as grandes vitórias, fazem parte de como nos vemos em frente a nós mesmos?

A matemática é simples: se nos perdoamos pelos nossos erros e também pelos nossos acertos, não temos culpa. Voltando ao ensinamento, sem culpa, não nos colocamos de castigo, nos privando de momentos bons. É um pensamento bem simples, mas difícil de ser visto na correria do dia a dia.

Eu passei o resto do dia refletindo sobre o que ensinei a ele, e ao mesmo tempo aprendi com o meu ensinamento. Nós nos culpamos, nós nos martirizamos, nós nos privamos de um auto-sorriso, porque estamos nos punindo porque, no fundo, olhamos para o espelho e vemos algo que não aceitamos na nossa essência.

Mas um amigo nos disse na segunda-feira, e isso ainda ecoa, que ninguém é responsável pelas nossas escolhas, além de nós mesmos. Se somente nós mesmos somos os culpados pelo que fazemos, então porque se preocupar com os julgamentos alheios? Podemos ouvir e analisar o que nos acrescentar de produtivo, mas seria loucura se conduzir pelos olhos dos outros, seja para justificar os nossos atos ou para nos punirmos por eles.

Mas então não posso me punir pelos meus erros? Pode sim, mas com qual finalidade? Entendemos que nossos erros e acertos são nossos, e a responsabilidade pelas nossas atitudes também é nossa, não cabe culpa, mas sim entendimento sobre o certo e o errado, sobre o bom e o ruim, e sobre o que podemos fazer para sermos melhores. E pensando assim, "caímos para aprendermos a nos levantar" (frase do filme do Batman).

Pense no perdão como uma libertação; não uma carta de alforria dada por outra pessoa, mas uma libertação de você, por você e para você mesmo! Se você consegue perdoar suas falhas, terá mais facilidade para comemorar suas vitórias sem culpas, e olhar o presente, independente de como foi o seu passado, ou de como pode vir a ser o seu futuro.

E claro, vale lembrar que, parafraseando outro filme, "com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades" (Homem Aranha). Não vá usar sua liberdade de forma irrestrita, achando que podemos tudo acima de tudo, bastando não ter culpa, porque um dia, alguém muito sábio, disse que o seu limite termina, onde começa o limite do outro.

Espero que essa reflexão possa ecoar e se repetir até produzir frutos, como os que eu tenho colhido!

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