Pare de usar muletas

 Pesquisa rápída sobre o significado de muleta: "bastão comprido, com encosto na parte superior adaptado à axila, no qual se apoia quem tem dificuldade de caminhar." Em resumo, um apoio, um suporte que você precisa, ou acha que precisa. Talvez precise; mas será?

Pensamento vai longe nas nossas limitações de conquistas, sejam materiais ou mentais; sobretudo as últimas. Passei muito tempo no entendimento da incapacidade, seja de ser ou de fazer, por vezes até de existir. Já parou para refletir na razão de estar aqui?

Dizem, acredita-se, contam, que somos frutos, ou filhos, de um ser maior, ou de algo maior, seja ou não seja, talvez à sua imagem e semalhança, à qual nossa limitada compreensão é incapaz de sequer imaginar. Gosto de pensar que, se à imagem, ou se próximo dessa magnitude infinita, no mínimo sou mais, ou posso ser mais, do que minha própria imaginação sequer teria capacidade, hoje, de entender; quem sabe no futuro....

Mas hoje penso assim; nem sempre. Como todos nós, imerso no processo educativo em que prioriza os títulos e letras, à compreensão e à exploração da reflexão, sobretudo sobre nós mesmos, por vezes me julguei incapaz de qualquer coisa. Acordava em momentos em que já estava acordado, ou não, pensando no que poderia fazer se não estivesse fazendo o que estava fazendo, apenas por fazer.

Estranho pensamento, pensar não ser capaz de fazer mais do que se faz, frente a uma realidade que, um dia, não se sabia fazer. Tudo se aprende, tudo se esquece pela falta de uso. Todo músculo sem treino atrofia, inclusive o cérebro. É preciso nutri-lo, sobretudo de esperança de que o amanhã poderá ser melhor, mas, inclusive, que o agora pode ser já melhor, na gratidão de entender que estar presente já é por si só uma dádiva, um presente.

Mas e as muletas? Lembra da história do elefante? Lembra do barbante em seu pé, que limita o movimento do pequeno, mesmo quando esse se fez fisicamente grande, mas ainda pequeno em sua mente? Muletas de achar que precisamos de um diploma, de um emprego formal, que precisamos acordar cedo ou tarde, ou que precisamos ser como todos são. Quem disse? Quem lhe garante que....

Quem lhe dá a certeza de que, em um universo em que ninguém tem o conhecimento absoluto, a sabedoria perfeita para entender quem é o nosso criador, se é que realmente existe um, de que eu ou você temos a razão absoluta? Ninguém está certo, ninguém está errado, então não há problema em errar, em tentar, em se permitir fazer diferente.

Mas nem sempre foi assim, aqui, do lado de dentro. Dia após dia me permito, como a exposição dessas letras, que um dia foram terapia intensiva e hoje são distração ocasional. O que você tem vontade de fazer? Porque não faz? Porque alguém não deixa, porque vão falar algo, porque lhe ensinaram que você precisa ganhar as coisas por uma questão de lógica de compartilhamento de algo?

Quer um conselho? Aproveite porque até os conselhos viraram consultoria e hoje se cobra por eles. Esse vai na faixa: Acorde! Abra os olhos! Faça o seu café se estiver com vontade e se permita sentar, calmamente, para degustá-lo. Um dia, como todos nós, a cortina vai se fechar. Nesse momento, será muito melhor ter a certeza de termos sido os atores do nosso palco, do que ver que desperdiçamos o tempo espiando pela cortina, com medo das críticas daqueles que não tem a coragem suficiente para performar nesse mundo maravilhoso!

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