Velocidade

A gente acelera e começa uma viagem. Novas paisagens vão surgindo, novas pessoas e, à medida que se anda para frente, coisas novas vão acontecendo. Subidas, descidas, curvas e uma infinidade de outras paisagens vão surgindo à nossa frente, nos fazendo direcionar para o caminho final. E em determinado momento viramos a cabeça e percebemos que também há as paisagens aos lados.

A gente corre, pensando sempre em alcançar o fim da viagem, terminá-la logo e poder descansar, rever as pessoas queridas que deixamos para trás. A nossa pressa, entretanto, faz com que as paisagens que moram ao lado deixem de ser vistas. Olhamos à frente, às vezes caminhos já conhecidos, e ficam as coisas que passaram no retrovisor.

E lá está: montanhas, cerrado, lagos, natureza e, sim, novos caminhos; tudo ao lado! Mas e a velocidade? Em excesso nos faz perder tudo isto! Deixamos para trás como se não nos importasse, pois estamos focados demais. Perdemos oportunidades, pessoas queridas, possibilidades de conhecer coisas e pessoas novas, mas a pressa não nos deixa nem perceber tudo isto!

E um dia, movidos pela curiosidade, acabamos pegando um caminho novo, em um desses momentos em que reduzimos o ritmo. Quantas maravilhas nos surgem, quantas belezas que estavam lá o tempo todo e não tentávamos nem virar a cabeça para vê-las! Antigas novas situações, que sempre existiram e que apenas esperavam que nós reduzíssemos a velocidade, para poder pegar a próxima entrada, que passaria despercebida em mais uma das muitas descidas da vida.

O fim é importante, não há duvidas, e é preciso alcançá-lo, mas e o durante? Às vezes nos preocupamos tanto em chegar que aceleramos demais, passando por paisagens, situações e pessoas que nos acrescentariam muito, sem aproveitarmos disto tudo. Em nossa desesperada vontade de chegar ao fim, não nos damos conta de que muito pode ser compartilhado no meio do trajeto.

Novas experiências, muitas situações e a certeza de que o que ficou para trás não se perdeu, mas contribuiu para que cheguemos ao nosso destino não apenas cientes de que chegamos bem, mas certos de que valeu a pena. E aí um dia, quando alguém nos perguntar sobre o que passamos durante a viagem, não responderemos apenas que chegamos, mas poderemos contar sobre tudo, com detalhes que somente exploradores conseguiriam, saudosos pelas telas e sentimentos que se transcorrerão nesse momento em nossa mente e em nossos corações.

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