Humildade

Dentre todas as coisas que precisamos desenvolver, com certeza a humildade é algo que foge ao nosso controle e a cuja benéfice não estamos acostumados a nos entregar. Não me refiro aqui ao rebaixamento interesseiro, fruto de nossa ganância e de interesses puramente materiais, mas sim de um sentimento de entendimento sobre nossas reais limitações.

Ser humilde, muito erroneamente interpretado, não implica em se fazer pequeno, desprezando, assim, as próprias qualidades em prol do elevamento de outrém. Esta característica está mais relacionada ao fato de percebermos que, por mais preparo que tenhamos, ainda estamos longe da perfeição e isto, somente, já seria o suficiente para entendermos que não temos motivo algum para a própria exaltação.

A humildade não vem sozinha, mas acompanhada de empatia, sinceridade, amor e tantas outras coisas que nos fazem agir com desprendimento, livres de uma constante busca por conflitos sociais, profissionais e de tantos outros tipos, nos quais nos colocamos em situações de constantes combates desnecessários, por conquistas perenes, que só serão lembradas por nós mesmos.

Não somos melhores e nem piores que os que nos rodeiam. Tão pouco podemos ostentar uma melhor capacidade para esta ou aquela tarefa, porque o tempo nos ensina que as coisas são assimiladas por todos a seu tempo, tornando a detenção de determinada habilidade uma mera conseqüência de um esforço individual, ao alcance de todos.

Assim sendo, todos um dia poderão possuir os dons que maravilham os olhos, as mentes e os corações, bastando para isto que se coloquem na posição de aprendizes constantes, tendo a clareza de que mesmo os mestres são constantes alunos.

Humildade é algo que precisa ser exercitado e tem nos feito falta. Tenhamos a certeza de que ainda somos crianças sob quase todos os aspectos, para que consigamos compreender a necessidade de nos apoiarmos, com simplicidade e desinteresse, tal qual fazíamos em nossa tenra idade, quando alguém caia ao nosso lado.

Sejamos simples, façamos o melhor, mas cientes de que não precisamos gritar ao mundo nossas façanhas, meros rabiscos indecifráveis frente às obras de arte à nossa volta. Um dia teremos o conhecimento, a experiência, a compreensão e o sentimento necessários para compreendermos o quão pequenos somos e o quão grande podemos ser, se em conjunto. Aí então, sob o teto de nossa mais perfeita angelitude, seremos singelamente e verdadeiramente humildes, entendendo seu significado, tal qual vários venerados de nossa história nos têm recomendado ser.

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